Gramado e Canela

Guia independente com informações e dicas sobre Gramado e Canela, editado por Marcelo Spalding

  

É comum em viagens para fora do Brasil conversarmos com outros turistas brasileiros, de diferentes estados, e sempre que mencionamos ser do Rio Grande do Sul eles lembram de Gramado, seja porque já visitaram, seja porque gostariam de visitar. Gramado é de fato um fenômeno do turismo a ser estudado mundialmente: uma cidade emancipada apenas em 1954 que não tem mar, não tem rio, não tem neve, não tem cânion, não é uma capital, não tem construções históricas, mas está entre as cidades mais visitadas do Brasil. E Canela, cidade vizinha, pegou carona, sendo hoje quase imperceptível onde termina uma e começa a outra.

O fato é que há décadas Gramado e Canela investem e se aperfeiçoam para se tornarem cidades turísticas, e isso fez com que mesmo não tendo mar, rio, neve, cânion, arranha-céus, etc conservem um charme inigualável, ótima gastronomia, enorme oferta de hotéis, eventos turísticos, lugares instagramáveis, parques e museus.

Como gaúcho e frequentador assíduo das duas cidades, escrevi este miniguia com o objetivo de trazer dicas de lugares e roteiros para quem deseja conhecer a região. Qualquer dúvida ou contribuição, fique à vontade para entrar em contato (informações no rodapé da página).

+ Informações úteis
+ Passeios gratuitos
+ Parques e museus
+ Gastronomia
+ Cidades próximas
+ Crônicas relacionadas



Informações e dicas úteis para quem vai pela primeira vez

Como chegar

Não há aeroporto na região, então você precisa pegar um voo até Porto Alegre ou Caxias do Sul e reservar um transfer, locar um carro ou ir até a rodoviária e pegar um ônibus intermunicipal. Se você for reservar um transfer, faça isso da sua cidade, não deixe para quando chegar no aeroporto nem pegue um táxi ou aplicativo, você pagará mais caro. Para ir de ônibus intermunicipal, acesse o site da Citral ou da própria rodoviária (www.rodoviaria-poa.com.br) para conferir os valores e horários. A rodoviária de Gramado é bem central, organizada, segura e eficiente.

Caso alugue um carro, a estrada Porto Alegre-Gramado é melhor que a de Caxias-Gramado. Mas cuide que o Google Maps pode indicar para você um caminho chamado de Rota Romântica, que tem mais pistas simples, mais curvas e se torna mais perigoso. Era o único caminho algumas décadas atrás, mas hoje opte por um caminho que pega a BR-116, dobra na RS-239 em direção a Taquara, depois na RS-115 em direção a Três Coroas e, mais adiante, Gramado. Vou colocar o print de um mapa do próprio Google Maps abaixo para você entender. A linha escura é minha sugestão de trajeto (clique sobre a imagem para ver maior):


Onde se hospedar

Para quem não conhece a região, sugiro fortemente se hospedar próximo ao Centro de Gramado, pois passear a pé pela Av. Borges de Medeiros ainda é o ponto alto da viagem. Alternativamente, o Centro de Canela também tem seu charme, e tanto o comércio como os restaurantes são bem mais baratos, há bons hotéis e apartamentos para aluguel na região. Para quem estiver de carro, os hotéis um pouco mais distantes do centro das cidades podem funcionar, até porque por vezes são hotéis diferenciados, só cuide que pode ser bem chato chegar de carro e estacionar no Centro de Gramado.


Clima e temperatura

A escolha da época da viagem também é importante, embora o clima no Rio Grande do Sul seja imprevisível. Se você quer aquela sensação de frio, é mais provável que ocorra do fim de junho a fim de agosto, quando a temperatura pode ser próxima a zero. Mas esqueça neve, embora o marketing da cidade mostre fotos de neve, é raríssimo nevar em Gramado ou Canela. O risco do período de inverno é você pegar aqueles dias de chuva e neblina intensa, porque aí fica difícil caminhar, ir a parques abertos e até fotografar. Observe também que na considerada alta temporada (inverno, período de Páscoa e Natal), os parques são mais caros e o trânsito fica mais complicado. Por isso eu escolheria uma meia estação, outono ou primavera, assim você tem maior chances de pegar dias de sol e vai também pegar um friozinho bom para comer fondue no fim do dia. A propósito, na primavera e em parte do verão as hortênsias floridas são uma atração à parte pelas ruas das cidades.

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Passeios gratuitos

Centro de Gramado

Passear no Centro de Gramado segue sendo um dos passeios mais tradicionais e charmosos para quem visita a Serra Gaúcha (mesmo com os chatíssimos vendedores e promotores que irão abordar você o tempo todo oferecendo algum brinde ou "informação" – agradeça e fuja deles, são os vendedores de resort que estão infestando e estragando a experiência na cidade). O charme do Centro se deve à proibição de construir prédios altos, aos fios de energia elétrica subterrâneos, deixando a paisagem mais limpa, e à conservação nas avenidas principais de uma identidade arquitetônica própria, como se a cidade em si fosse um grande parque temático. Confesso que isso me decepcionou em Petrópolis (RJ), por exemplo: eu esperava uma cidade serrana, colonial, mas é uma cidade comum.

Vale caminhar pela Av. Borges de Medeiros do Lago Joaquina Rita Bier até o Hotel Casa da Montanha. O Joaquina Rita Bier é um parque muito bem cuidado ao redor de um pequeno lago, bom para relaxar, dar uma caminhada e tirar umas fotos. Indo adiante em direção ao Centro haverá a Praça das Etnias (simpático local que vende produtos coloniais e pães caseiros), a Rua Torta e o Hard Rock. Atravesse a rua e dobre na rótula para seguir pela Borges de Medeiros, aí você irá cair na ruazinha do Centro em si, com muitas lojas – especialmente de chocolate – e restaurantes. O ponto mais concorrido é onde estão a Paróquia São Pedro, a Fonte do Amor Eterno, o Palácio dos Festivais e a Rua Coberta. Para quem gosta de caminhar, vale explorar também a Rua São Pedro, atrás da Borges, especialmente nas proximidades da Paróquia.


Lago Negro

O Lago Negro é um parque ao redor de um lago artificial construído nos anos 1950 para lembrar lagos da Europa. As mudas de pinheiros que o margeiam foram trazidas da Floresta Negra, na Alemanha, por exemplo. Atração tradicional da cidade, é aberto e conta com passeio de pedalinho, bar, lojas e restaurantes. Ao redor do lago há calçamento para uma boa caminhada. Apesar das subidas e descidas, é possível chegar a pé, ficando a 3 km do centro de Gramado e a pouco mais de um 1 km do Joaquina Rita Bier.


Av. das Hortênsias

A Avenida das Hortênsias (ou RS-235) liga as cidades de Gramado e Canela. Embora seja uma estrada, tem calçada em toda sua extensão, então é possível passear a pé, de bicicleta ou de carro pelos 6 km entre o Belvedere Vale do Quilombo e o Museu do Automóvel de Canela (trecho da Avenida que liga as duas cidades). No Belvedere Vale do Quilombo há um mirante que em dias bons oferece uma bela e ampla vista (e em dias de neblina parece que estamos no céu, tem seu charme também). Ao longo da avenida (ou rodovia) há diversos hotéis, restaurantes (como os tradicionais Café Colonial Bela Vista e a galeteria Mamma Mia), grandes lojas (como a maravilhosa Pró-Lar) e, de uns tempos para cá, diversos parques e museus que optaram por se instalar nessa região, como o NBA Park, Space Adventure, Museu de Cera, Museu da Moda, etc. A recém-inaugurada Roda Gigante de Gramado também fica nessa avenida, com vista para o vale.


Centro de Canela

  

Embora Gramado seja mais conhecido nacionalmente, Canela é um município grudado a Gramado, emancipado um pouco antes e cuja vocação turística se desenvolveu em paralelo, como duas cidades irmãs, sempre cooperando e competindo ao mesmo tempo pela atração dos turistas. O Parque do Caracol, por exemplo, fica em Canela. E assim como caminhar no centro de Gramado é um passeio obrigatório para turistas, passear pelo centro de Canela também deve estar na sua lista de prioridades (nós mesmos fazemos esse passeio em ambos os centros toda vez que subimos a Serra).

O maior ponto turístico da cidade é a Catedral de Pedra, imponente construção em estilo gótico onde à noite há um belo show de luzes, gratuito, com projeções na própria igreja. Ponto focal da cidade, a rua à sua frente se tornou a mais concorrida de Canela, com restaurantes, lancherias e lojas diversas, além de estar sempre muito bem decorada por algum tema do momento (inverno, páscoa, Natal, etc). Destaque para a Estação Campos de Canella, um novo complexo turístico construído na antiga estação férrea da cidade que conta com lojas, cafeterias, rua coberta, o parque temático Big Land e, claro, restaurantes, um deles dentro do próprio vagão do trem.

Vale dizer, infelizmente, que também em Canela você será abordado por gente oferecendo restaurante, foto e pelos famigerados vendedores de resort. Vale a mesma orientação que escrevi sobre o centro de Gramado, agradeça e siga adiante, não deixe que isso atrapalhe (muito) sua experiência nas cidades.

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Parques e museus

Gramado e Canela são referências de parques e museus, desde os históricos da cidade e que ajudaram na construção deste polo turístico, como o Caracol e o Minimundo, até parques de porte internacional que desembarcaram aqui nos últimos anos, como o Space Adventure e o NBA Park. Abaixo trago alguns comentários e sugestões sobre os principais parques e museus. Os locais não citados aqui ou não foram visitados por mim ou não estão entre minhas recomendações. Convém, na fase de planejamento da sua viagem, ligar para os parques e perguntar os preços dos ingressos e do estacionamento,  pois o custo para dois adultos em um só parque é maior que muita diária de hotel.

Space Adventure

O Space Adventure é a primeira exposição fixa com itens da NASA no Brasil, reunindo mais de 200 peças exclusivas em uma estrutura de 4 mil m². Além do acervo de itens da agência, há uma área de simulação de um lançamento de foguete, em que nos sentimos de fato dentro das estruturas da NASA, área games e um planetário de última geração. Aliás, aconselho começar pelo planetário, pois ele nos dá uma dimensão da grandiosidade desse projeto espacial, da infinitude do espaço e da nossa pequenez. E ousadia. Já na parte de dentro, passando a absurda fila para tirar fotos em uma parede de fundo verde, entramos em uma sala de projeção em que há um emocionante vídeo sobre a conquista espacial ao som de Rocket Man, de Elton John. Nunca vi uma sensibilização melhor para que entrássemos em uma exposição, pois assim como o planetário, o vídeo nos dá dimensão do quão difícil e grandioso foi pousar na lua em segurança, coisa de filme mesmo. Aí, ao entrarmos na exposição, damos de cara com objetos, roupas e alimentos usados nas expedições, além de muitos cartazes informativos, réplica dos foguetes, etc, provando que não foi coisa de filme, foi real (só entender a complexidade do traje de astronauta já vale a visita). Não tem como não se emocionar, a conexão entre todo nosso imaginário sobre viagem ao espaço encontra elementos concretos de que sim, nós, como humanidade, estamos indo além de nossas fronteiras. Na loja de souvenirs, itens surpreendentes como comida de astronauta. Sim, compramos sorvete de astronauta, que são pílulas desidratadas saborizadas e, incrivelmente, têm gosto mesmo de sorvete! O parque é fechado – dá para ir tranquilamente em dias de chuva ou frio – e fica localizado na Av. das Hortênsias (a estrada que liga Gramado e Canela). Estacionamento pago no local.


NBA Park

Primeiro parque da NBA fora dos EUA, o NBA Park Gramado é o mais inusitado e dinâmico dos parques da cidade. Inaugurado em 2023, conta com uma quadra onde se pode bater bola, assistir a animados shows e participar de competições, jogos interativos (inclusive foi aí que descobri como é difícil ser VAR, pois há um simulador de VAR em que nós é quem temos de decidir), acesso a um vestiário, games digitais, restaurante temático, a maior NBA Store da América Latina em variedade de itens e um museu com peças autografadas pelas estrelas da liga. Ao contrário do SpaceAdventure, em que o museu é muito mais interessante que as atrações interativas, aqui acontece o contrário, o museu achei fraco se comparado ao que temos no ambiente do ginásio. O ponto alto é, sem dúvidas, o pocket show, assistimos nos dois horários, inclusive poderiam ser diferentes, já que muitas pessoas passam o dia todo no local. Mas a energia que o ambiente consegue criar com a ambientação, a música, os jogos e a fartura de bolas de basquete à disposição são capazes de atrair e encantar mesmo aqueles que não gostam – e nem entendem – do esporte. O sistema de fotos pagas aqui é bem legal, não tem apenas foto de fundo verde, pelo contrário, há boas fotos nossas em ação e no vestiário, e você escolhe ao final quantas quer adquirir. O parque também é fechado, fica localizado na Av. das Hortênsias, próximo ao Space Adventure, e tem estacionamento pago no local.


Snowland

O Snowland é o primeiro parque temático de grande porte dessa geração de parques pós-2010 que tem elevado o turismo da região a outro patamar. Inaugurado em 2013, o tema do parque é o inverno, o frio, tudo a ver com a tradição turística da região. Há duas áreas, o “Vilarejo”, com pista de patinação no gelo, opções gastronômicas, lojas e brinquedos eletrônicos, e a “Montanha de Neve”, grande diferencial do parque, local em que as temperaturas ficam em torno de quatro graus negativos, com direito à neve artificial. A promessa é que se trata de neve de verdade, e depois de conhecer neve em Bariloche posso dizer que a experiência da neve no Snowland é bastante digna. Nesta área tem também uma pista de esqui, inclusive com aulas para iniciantes. A pista é uma das maiores do Brasil, aparecendo em primeiro lugar em diversas listas da internet sobre pistas de esqui no país. O parque é fechado, fica no Bairro Carazal, a uns 7km do centro de Gramado, e tem estacionamento pago no local.


AcquaMotion

O AcquaMotion, inaugurado em 2021 pela mesma rede do Snowland, é o primeiro parque aquático indoor da América Latina. Com uma área de 49 mil m², conta com sete piscinas de água termal distribuídas em quatro andares. Como fã de parques aquáticos, confesso que fiquei curioso sobre a viabilidade de um parque desses na fria Gramado. Mas não é que funcionou? Visualmente, o parque é dos mais impressionantes que já fui, muito mais bonito que o parque aquático da Disney. Embora seja fechado, é enorme, com uma ambientação cuidadosa, imersiva. Há uma área inteira para crianças menores, e alguns tobogãs para quem procura adrenalina (mas não é o forte do parque). Como cereja do bolo, piscinas abertas com águas quentes parecem estar suspensas sobre o vale, com vistas lindíssimas. O parque também fica no Bairro Carazal, próximo ao Snowland, e tem estacionamento pago no local. Apesar de ser fechado, as piscinas a céu aberto são uma atração importante, então o ideal é não ir em dia de chuva.


Vila da Mônica

A Vila da Mônica é o único parque da Mônica fora de São Paulo (há o que eles chamam de Estação Turma da Mônica em algumas outras cidades, mas são estruturas menores). Com 11 mil m², traz dezenas de atrações com os personagens da turma, além de uma ampla loja temática. Para quem cresceu lendo gibis de Cascão, Cebolinha e companhia, é difícil resistir à loja e não tem como não se encantar com a ambientação do parque. Só me parece que erraram a mão no público-alvo, pois o parque é muito infantil, faltou pensar em atrações para adultos nostálgicos ou mesmo para adolescentes, como vídeos históricos e até oficinas de HQs. O parque é fechado, fica no Bairro Carazal, próximo ao Snowland, e tem amplo estacionamento pago à parte.


Alpen Park

O Alpen Park é meu xodó em Canela, procuro ir em todas as vezes que estou na região, até porque para entrar no parque é gratuito, você só paga o estacionamento se for de carro. Aí lá dentro se pode circular pelas atrações, aproveitar a Vila Alpina, com lojas e café, e, claro, adquirir ingressos avulsos ou passaporte para os brinquedos. O parque foi criado em 2003 com o Trenó de Montanha, importado da Alemanha e lá chamado de Alpine Coaster (por isso o nome Alpen Park). Ao longo dos anos o parque foi crescendo, se diversificando, e hoje conta com montanha-russa, torre de queda livre, carrinho bate-bate, games, cinema 4D (esse era moderno quando inaugurou, hoje já precisaria de atualização) e uma enorme Area Kids. Além disso, há ainda 60 mil metros quadrados de área verde que abrigam atividades diversas, como tirolesa, arvorismo e quadriciclo. O parque é aberto, então requer tempo bom. Fica na Rodovia Arnaldo Opptiz, a uns 3km do centro de Canela.


Parque Estadual do Caracol

O Parque Estadual do Caracol foi fundado em 1973 com uma área de 25 hectares e tem altitude média de 760 metros. A famosa cascata, que se tornou símbolo turístico de Canela, tem uma queda livre de 131 metros. Localizado a 7 km do centro de Canela, o parque em si está bem conservado e gostamos muito da música ao vivo próximo ao restaurante, mas confesso que achei o parque pequeno, não rendeu nem uma hora de caminhada de uma ponta a outra. Para ter a melhor foto da cascata é preciso ou ficar na fila e pagar para o fotógrafo oficial ou pagar para subir em um elevador que dá uma vista panorâmica atrás de um vidro (lembro de antigamente não apenas ter uma visão mais clara e frontal da cascata como também descer mais próximo dela). Apesar de ser um Parque Estadual, desde 2022 é administrado por uma organização privada – e não mais pela Prefeitura de Canela, como foi historicamente. Clique aqui para ler nossa crônica sobre O grande risco de se privatizar pontos turísticos naturais.


Parque Terra Mágica Florybal

A história da Florybal é daquelas histórias motivacionais sobre a força do empreendedorismo e do trabalho. A fábrica começou na casa da família, em 1991, e hoje é uma das maiores de Gramado, tendo inovado também no posicionamento da marca para além de uma marca de chocolate. O Parque Terra Mágica, inaugurado em 2011, foi o primeiro grande parque temático da cidade, e certamente abriu caminho para os tantos outros que surgiram nos anos seguintes. Guardadas as proporções, a mim lembrou a experiência de parques como os da Disney ou Beto Carrero, à medida que une uma vasta área para passeio dentro de um universo ficcional específico, brinquedos para crianças, adolescentes e adultos e uma área fechada de alimentação com lojas e enorme espaço kids. O grande mérito é conseguir fazer isso sem personagens fortes como tem a empresa do Mickey, usando chocolate, dinossauros e magia como grande mote. Tomara que consiga seguir investindo e crescendo, quem sabe até fechando parceria com marcas de personagens conhecidos, e ampliando o público-alvo, pois hoje o foco acaba sendo mais nas crianças. O parque é aberto e fica na mesma estrada que leva ao Parque do Caracol, mas bem mais perto, a menos de 3 km do centro de Canela, com estacionamento gratuito no local.


Mini Mundo

O Mini Mundo é o primeiro parque temático de Gramado, e até hoje um dos mais lúdicos e curiosos. Foi inaugurado em 1979 com uma casinha de boneca, e a construção de uma miniferrovia, em 1980, deu início à construção da cidade em si. Sua proposta é ser uma cidade em miniatura, com réplicas fiéis de pontos turísticos de várias partes do Brasil e do mundo. As construções são ricas em detalhes e animadas por milhares de mini habitantes. A proporção das miniaturas é 24 vezes menor que o mundo real, um pouco maiores do que Legos (mas muito mais realistas) e construídas no próprio parque, que está sempre criando novidades e easter eggs dentro do seu mundo. O parque é aberto e fica próximo ao centro de Gramado, na região do Lago Joaquina Rita Bier. É fácil de estacionar pelas ruas ao redor do parque mesmo, mas também dá para ir a pé.


Museu da Moda

O Museu da Moda foi inaugurado em 2012 com um acervo impressionante de trajes femininos que contam a história da humanidade através da moda. Segundo sua idealizadora, a empresária e estilista Milka Wolff, é o primeiro museu do mundo com essa perspectiva. Além deste salão com roupas e objetos de diferentes civilizações que de fato nos transportam até elas, há outras 3 áreas: uma com roupas do século XX divididas por décadas (onde há também uma homenagem especial a Lady Di e Jacqueline Keneddy Onassis), outra com roupas de divas do cinema e uma quarta com a história da própria Milka. A Milka, aliás, é uma empreendedora que por mais valorizada que tenha sido pela mídia local não teve seu tamanho e sua importância valorizados adequadamente pela mídia nacional. Seus desfiles temáticos anuais buscavam aproximar a moda da população em geral, e a construção do Museu veio a coroar e eternizar seu trabalho. Senti falta no museu de trajes masculinos e também me parece que o museu precisa de uma atualização. Até para competir com as novas atrações que chegam à cidade, o Museu da Moda precisará atualizar seu acervo, quem sabe uma parceria com o Hard Rock, criar alguns espaços interativos ou ampliar a maravilhosa sessão dedicada ao cinema. Localizado na Avenida das Hortênsias, o parque é fechado e tem estacionamento gratuito no local.


Museu de Cera

Museus de Cera ficaram famosos no mundo pelos da Madame Tussauds, de Londres. Mas o Dreamland de Gramado, primeiro museu de cera da América Latina, é uma opção próxima, viável e bastante digna. Inaugurado em 2009, hoje o museu conta com mais de 100 peças de personalidades como Rainha Elizabeth e Michael Jackson ou personagens como Homem Aranha e Jack Sparrow. Alguns deles são tão reais que parece que você está diante de seu ídolo – e a foto pode enganar melhor ainda. Não fosse pelo preço um tanto salgado, eu iria todo ano. O museu fica na Av. das Hortênsias, é fechado e tem estacionamento gratuito no local.


Sex Museum

Primeiro e único museu de sexo do Brasil, segundo os organizadores, o Sex Museum é uma coleção de fotos, esculturas interativas, máquinas antigas como o primeiro vibrador movido a vapor, cadeiras eróticas e outras curiosidades. Não espere muitos itens originais, há muitas reproduções, mas a ideia de naturalizar o sexo e mostrar o uso de brinquedinhos ou situações menos convencionais ao longo da história ajudam no combate à caretice e ao preconceito. Para quem espera um ambiente excitante, pode se decepcionar um pouco: o foco é no humor, desde o texto de apresentação do espaço até as esculturas da sala inicial (uma berinjela, uma banana e uma salsicha gigantes com cara de personagem de desenho animado, gozação mesmo, no sentido cômico da palavra). Na saída, uma sexshop pode enfim apimentar a noite de um casal que possa ter ido ao museu com este objetivo. Localizado na Avenida das Hortênsias, o museu é fechado e tem estacionamento gratuito em frente ao local.


Museu do Festival de Cinema de Gramado

O Festival de Cinema de Gramado, criado em 1973, é um dos grandes responsáveis pelo sucesso turístico do município e tudo o que veio depois. Além de a cidade se tornar notícia nacional por alguns dias, transformou o Cine Embaixador em ponto turístico incontestável da cidade, ao lado da Catedral e em frente à futura Rua Coberta, hoje ícones da cidade. Logo, a ideia de um museu do festival é fantástica, mas o museu é uma realização da Gramado Parks, então embora o ingresso seja barato (uma raridade na região) você de cara é assediado pelos vendedores de resort que tanto tenho criticado aqui neste guia. No primeiro piso do prédio você será levado por um deles ao palco do histórico teatro, enquanto puxam aqueles papos cansativos para oferecer resort depois. Além desse inconveniente (não se constranja em dizer não e ser enérgico se precisar, foque no segundo andar do museu, quando eles finalmente deixarão você sozinho), chega a dar dó ver o cinema parado, silenciado, não é possível que a cidade de um dos mais importantes festivais de cinema do país não tenha sequer uma sala de cinema em funcionamento. No segundo andar, há boas instalações, um Kikito à disposição para fotos (achei ótima essa ideia), cartazes e vídeos com informações sobre o cinema nacional e o festival em si. Diria que como ponto de partida o museu funciona, mas é ainda incipiente, teria muito material a acrescentar focando tanto no tema do festival como do cinema em si.

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Gastronomia

A gastronomia é um atrativo a parte do Rio Grande do Sul em geral e da nossa Serra em particular. Há boas opções para se comer churrasco, galeto, fondue, café colonial, todos típicos da gastronomia local, além, claro, de chocolate. As lojas de chocolate tomaram conta do Centro, e todas oferecem não apenas chocolate para levar – em várias formas – como cafés, doces, sorvetes, waflles e outros quitutes com chocolate para um lanche ou sobremesa.

Nesta seção apresento algumas sugestões de bares, lojas ou restaurantes divididos pelo tipo de gastronomia. Os locais citados aqui ou são por motivos históricos ou são recomendações pessoais. Como guia independente, não fazemos publi nem aceitamos patrocínio.


Chocolate

É estranho começar pela sobremesa, mas as lojas de chocolate caseiro se tornaram protagonistas na região, tanto que Gramado é considerada a Capital Nacional do Chocolate Artesanal. A primeira foi a Prawer, inaugurada em 1975. Hoje Prawer, Lugano, Caracol, Florybal e tantas outras marcas têm dezenas de lojas, muitas delas funcionando também como docerias e cafeterias. Além disso, algumas das lojas têm museu, brinquedos, visitação à fábrica, sem falar nas cuidadosas e instagramáveis ambientações. Para não se assustar quando chegar aqui, já chamo a atenção para alguns preços, vale estar atento a isso (já fiz lanches de café e torta que nos saíram preço de um almoço). Mas não tem como vir a gramado e não experimentar alguma rama, barrinha de chocolate, fondue de morango com chocolate, sorvete com calda de chocolate – especialmente o da Casa da Velha Bruxa – e chocolate quente.


Café colonial

Restaurantes de café colonial talvez sejam os mais típicos da região, minha avó contava que saía de Porto Alegre para comer café colonial na Serra quando tinha filhos pequenos. Apesar do nome, podem ser degustados a qualquer hora do dia, inclusive como almoço ou jantar, pois as características desses cafés são o fato de a maioria dos itens serem produzidos artesanalmente e as enormes fartura e variedade. Há vários tipos de pães, bolos, cuca, rosca, chimia, queijos variados, embutidos, carne de porco, biscoitos, tortas, etc, etc, etc. O Bela Vista Café Colonial, localizado na Avenida das Hortênsias, em Gramado, foi inaugurado em 1972 e é considerado o primeiro do Brasil. Mas hoje os hotéis de Gramado e Canela têm a tradição de servir no café da manhã verdadeiros cafés coloniais, com muita variedade e fartura. Alguns deles inclusive permitem que você adquira apenas o café, mesmo não sendo hóspede.


Fondue

Fondues combinam com o frio, mas a sequência de fondue é onipresente na região em qualquer estação. E para quem nunca veio a Gramado ou Canela, indico fortemente que pelo menos uma das refeições seja um fondue, mesmo que já tenha provado essa iguaria em outro local. Hoje há sequências de todos os preços, mas as completas sempre têm queijo, carne e chocolate. O que varia é o tipo e a qualidade dos ingredientes – e isso pode fazer bastante diferença, claro. Além das sequências, algumas casas oferecem fondue a la carte. Eu gosto dessa opção para evitar o excesso de comilança, mas por vezes os preços do a la carte são tão parecidos com a sequência que não se justificam. Minha sugestão é o Chateau de La Fondue, que tem um bom custo-benefício e existe desde 1986.


Galeto

Outro tipo de restaurante tradicional da Serra, este da colonização italiana, são as galeterias. Nas galeterias se come polenta, massa, salada de batata, radici com bacon e, claro, o famoso galeto ao primo canto, prato tradicional da culinária gaúcha. O primeiro restaurante a comercializar este prato foi a Galeteria Peccini, fundada em fevereiro de 1931 em Caxias do Sul função da primeira Festa da Uva. O mais famoso e tradicional de Gramado é o Mamma Mia, inaugurado em 1985 na Avenida das Hortênsias e hoje com diversas franquias pelo Estado. Outro conhecido dos gaúchos e com presença na região é o Di Paolo, fundado em Garibaldi em 1994. Convém pesquisar antes os preços, pois as sequências passam de R$ 100 por pessoa (aliás, isso vale para o café colonial também). Há, ainda, diversas alternativas aos restaurantes mais tradicionais, inclusive com preços melhores, como o Galeto Di Nase, que oferece também a opção a la carte.


Massas

Derivado das tradicionais galeterias, os restaurantes especializados em massa também se destacam na região, pelo menos para aficionados por massa como eu. O mais tradicional e conhecido é o Pastasciutta, em funcionamento em uma charmosa casa da Av. Borges de Medeiros desde 1981. Seu cardápio é a la carte, mas os preços são do tamanho de sua qualidade e tradição. Em Canela, eu gosto de um lugarzinho – no conceito do Luis Fernando Verissimo para lugarzinho – chamado Pappardelle. A proposta é que você escolhe sua massa artesanal, depois o molho e os acompanhamentos, e a massa é preparada na hora. Possivelmente será a refeição com melhor custo-benefício da sua estadia na Serra.


Churrasco e parrillas

Churrasco não é um prato tradicional da Serra, mas por ser um prato tradicional dos gaúchos, é natural que haja boas churrascarias na região. Além dos rodízios de churrasco, em que diferentes cortes vão passando na mesa e você pode comer o quanto conseguir, há restaurantes que servem pratos de carnes específicas (recomendo muito picanha ou picadinho de picanha, são ótimos). Hoje também começam a aparecem nas cidades as parrillas, culinária típica dos países platinos (Uruguai, Argentina). Na nova Estação Campos de Canella há boas opções de parrillas.


Produtos coloniais

Comprar produtos coloniais como queijo, salame e pão, além de vinhos e sucos de uva, é outro hábito dos gaúchos ao visitar a Serra. Hoje, além das lojas espalhadas pela cidade, há uma praça em Gramado e outra em Canela com os chamados Fornos de Gramado e Fornos de Canela, em que pães assados na hora são vendidos a preços muito bons. Em Gramado, na praça há também uma ótima loja de produtos artesanais, com produtos coloniais variados.


Pizza

A pizza é um prato do mundo, e em Gramado e Canela também há pizzarias dignas de nota. Em Gramado, a Il Piacere desde 1993 serve pizza artesanal e carnes no restaurante, e tem também a opção de telentrega de pizzas. Em Canela, vale citar a The Petit, que também atende tele e no seu restaurante serve de rodízio a pizzas por fatia (minha preferida). Além disso, nos últimos anos virou moda na cidade pizzarias temáticas, em que rodízios são servidos em ambientes que constroem universos ficcionais de piratas, heróis, bruxos, etc. Alguns se dizem inspirados na Disney, mas confesso que na Disney não encontrei restaurantes assim que forcem o cliente a consumir o caríssimo rodízio, lá são pratos a la carte. De qualquer forma, para quem gosta de uma turistada e tem crianças vale pesquisar essa opção.


Dinner show

O conceito de dinner show foi trazido à região pelo Gatzz, que promete ser um pedacinho da Broadway em Gramado, mas acaba sendo muito mais jantar do que show, tanto que a duração do musical em si – com ótimas performances, vale dizer – é de cerca de quarenta minutos (mais uns vinte minutos de clows dispensáveis). Além disso, foi um pouco decepcionante ter comprado ingresso para dois shows diferentes e o roteiro de ambos ser praticamente o mesmo. Afora tais questões, o conceito é bom e as próprias pizzarias temáticas de certa forma também são locais de dinner show. Mas o imbatível, neste quesito, é o Hard Rock Gramado. Diferentemente do Hard Rock de outras cidades do mundo, em Gramado há show todas as noites que de fato envolvem a casa, não fica só aquela bandinha tocando ao fundo. Além desse show com bandas incríveis e mais de uma hora de duração, toda noite há um pocket show com sósias em homenagem a ídolos como Michael Jackson e Freddy Mercury – é inacreditável como lembram os ídolos, na imagem, na dança, na voz – e uma emocionante e animada performance dos funcionários da casa.


Culinária contemporânea

Afora os restaurantes especializados, Gramado e Canela têm muito restaurantes que poderíamos definir como de culinária contemporânea, com cardápio variado, a la carte e muitos assinados por chefs que inclusive são identificados no cardápio. Um exemplo é o Varanda 61, na charmosíssima Rua Coberta. Outro o Brûlée Bistrot, também no centro de Gramado. Além de pratos saborosos e por vezes com alguma nota autoral, os lugares costumam ser aconchegantes, bem decorados e por vezes até com certa pompa e elegância. Os preços desse tipo de restaurante podem variar muito, e para quem se preocupa com isso, vale ficar atento a promoções divulgadas na entrada ou mesmo pedir para dar uma olhada no cardápio antes aos recepcionistas.


Vinhos e vinícolas

Não dá para encerrar a seção de gastronomia sem falar nos vinhos e vinícolas, uma tradição da Serra. Verdade que o polo vinícola gaúcho conhecido no Brasil todo é o Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves, Garibaldi, etc), mas em Gramado e Canela há também muitas lojas de vinhos diversos, incluindo vinhos coloniais a preços interessantes, além de duas vinícolas que recebem turistas para passeios e degustações, a Ravanello e a Jolimont. A propósito, em muitos restaurantes vale perguntar pelo tipo, marca e preço da taça, pode ser uma boa forma de experimentar vinhos locais.

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Cidades próximas

Como entusiasta de road trips, aqui trago algumas sugestões para quem estiver de carro e quiser aproveitar para conhecer cidades próximas a Gramado e Canela. Algumas agências de Gramado também oferecem passeios para estas cidades, além da possibilidade de pegar ônibus intermunicipal.

Nova Petrópolis

Nova Petrópolis fica a 40 minutos de Gramado e se divulga como “a terra mais germânica da Serra Gaúcha” (em Gramado e Canela predomina a colonização italiana). Cidade também bastante vocacionada ao turismo, tem atrações como o Parque do Imigrante, o Labirinto Verde e o restaurante Cidade Zaandam, criado por descendentes holandeses que reproduz o visual de uma cidade típica da Holanda. Para além dos pontos turísticos, a cidade tem bons restaurantes com preços melhores que os de Gramado e Canela, além de malharias com confecções próprias de boa qualidade e bons preços.

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Igrejinha e Três Coroas

Quem subir de carro para Gramado pela RS115 irá passar por Igrejinha e Três Coroas, cidades do Vale do Paranhana que ficam em torno de 25 quilômetros antes de Gramado. Igrejinha se destaca pelas lojas de sapato e pelo Alles Blau, complexo na beira da estrada com hotel Ibis, posto de gasolina, shopping, lancheria e um pequeno parque. Para quem está subindo de carro, é um ótimo ponto de parada antes de começar a parte mais chatinha da estrada. Já Três Coroas é conhecida pelo rafting e pelo Templo Budista Chagdud Gonpa Khadro Ling, o primeiro templo tibetano tradicional da América Latina.


São Francisco de Paula

São Francisco de Paula fica 40 minutos depois de Canela e mantém a característica mais bucólica de cidade pequena, além de ser mais fria que Gramado e Canela, com mais chance de você ver neve. Seus pontos turísticos estão mais ligados à natureza, como o Mátria Parque de Flores e o Lago São Bernardo. Mas o ponto alto para quem gosta de livros e literatura (ou de arte e arquitetura) é a incrível Miragem Livraria, mescla de café, livraria e museu histórico em um belíssimo prédio de três andares.

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Viagens Crnicas, por Marcelo Spalding

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