Os paradoxos de Balneário Camboriú


Marcelo Spalding



Algumas cidades se consagram como destinos turísticos por motivos dos mais variados, que inclui um projeto voltado a isso, mas também uma espiral de fatores que levam a um crescimento exponencial, e o que era para ser atração local vira atração nacional. Dois casos emblemáticos disso nos últimos anos são Gramado e Balneário Camboriú, ambos muito perto de nós.

Famosa por arranha-céus que figuram na lista dos edifícios mais altos do Brasil, da América Latina, etc, a cidade também tem alguns parques interessantes (Oceanic Aquarium, Space Adventure, de dinossauros, piratas, carros, além de estar perto do Beto Carrero World), uma marina movimentada, uma noite agitada, muitas opções de lojas, uma gastronomia diferenciada (e não tão cara, acredite), além da praia, claro.

As praias do Balneário são na sua maioria impróprias para banho no período do verão. Eu ia escrever poluídas, mas o fato é que o pessoal aqui não liga muito pra isso e em dia de sol o mar (que é calmo e não é frio) está cheio de gente, inclusive crianças pequenas, mergulhando, nadando, etc. E para ser justo, apesar do alto movimento da beira da praia, há equipes de limpeza juntando plástico, copo, etc, além de serem proibidos de fato som alto (adorei o slogan "barulho bom é o do mar"). Também não se é abordado por algum ambulante ou pedinte a cada 2 minutos, como ocorre no Rio.

Por outro lado, a beira de praia que se tem aqui (e a prefeitura está ampliando) é impressionante, nem no Rio de Janeiro (a inspiração da cidade até no nome das ruas e bairros) se vê igual. Por ser menor que a icônica Copacabana (além de muuuuito mais limpa e segura), aqui temos uma concentração de bares e restaurantes muito maior na avenida beira-mar, além de um passeio arborizado e uma ciclovia que não é um caos. Pelo novo projeto, essa parte do passeio será ampliada (eles já ampliaram bastante a faixa de areia por aqui), e me parece que esse conceito de que o calçadão à beira mar é tão ou mais importante que a faixa de areia em si é uma decisão muito acertada.

Outro ponto positivo é que o transporte público é gratuito, o que beneficia deslocamentos entre uma ponta e outra da cidade. E o Cristo Luz, inspirado no do Rio, claro, mas que não se enxerga de ponto algum da beira da praia (o que considero um erro), criou identidade própria e oferece à noite um show musical impressionante. Vale muito a pena visitar, na noite em que fomos o show lembrava uma grande festa de casamento com a pista lotada de argentinos, uruguaios, paraguaios, chilenos e alguns brasileiros de TODAS as idades dançando e pulando sem parar. Mérito para a banda, das mais ecléticas que já ouvi. Ah, e tem o Cristo iluminado, imponente, para tentarmos algum ângulo e algum jogo de luz que favoreça a foto pro Instagram.


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Viagens Crônicas, por Marcelo Spalding

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