Cabo Pol�nio: o para�so invertido

Fabiane Mendes - @hildaggastronomia

J� ouviu falar de Cabo Pol�nio, o �ltimo reduto hippie? Ele fica no litoral do Uruguai, a quase 100 km da fronteira do Brasil. Inacreditavelmente, o que o torna atraente s�o suas aus�ncias. Come�o contando da falta de luz el�trica, de �gua pot�vel encanada e internet. Nada de ruas pavimentadas, cal�adas ou carros circulando. Tamb�m � um excelente santu�rio de esp�cies, principalmente marinhas.

Os habitantes locais s�o pouco mais de cem fam�lias. No ver�o, o movimento � grande, e hosts com quartos compartilhados, muito pequenos, entulhados de beliches, d�o conta do povo. No corredor, uma estante de livros com a vista do mar ao fundo faz parte da arquitetura. Constru��es novas n�o s�o permitidas, acampar tamb�m n�o � uma op��o. Muitos estrangeiros trocam estadia por trabalho, e o ganho � da gastronomia cheia de surpresas.

Caminhar por dunas, a cavalo, de barco ou com caminh�o jardineira 4x4 � como voc� chega na vila. A �ltima op��o � a usual, o �nico sen�o � que voc� salta como pipoca em �leo quente por 7 km.

O para�so invertido � o menos do nosso mais. Equa��o matem�tica para pensarmos. J� observei que o primeiro equ�voco do turista ao chegar em Cabo Pol�nio � enxergar como estapaf�rdio a viv�ncia com escassez. O segundo, e mais idiota ainda, � n�o passar a noite observando o c�u estrelado de Cabo Pol�nio. Caminhar ao som constante de ondas batendo em pedras, vigiadas e iluminadas pela luz do farol, � in�dito a cada 12 segundos. Essa sensa��o � t�o linda que virou m�sica de Jorge Drexler e Vitor Ramil, "12 segundos de escuridad". Passa os olhos na letra, a descri��o � po�tica do caminhar por l�. Passos retos, parar, esperar a luz do farol (12 segundos), mais passos, parar. Ruas e casas iluminadas com velas � o cen�rio da noite.

O consumo do essencial � parte do ex�tico imagin�rio que encanta e atrai turistas de todo o mundo. Das tantas vezes que j� percorri os caminhos calcados de Cabo Polonio, percebo o quanto evolu�mos por l�.

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