A incrível mistura de cinema e teatro


Marcelo Spalding

Quando escrevi meu doutorado sobre literatura digital, fiz muito a analogia do livro físico e da literatura digital com o teatro e o cinema. No começo, o cinema era uma espécie de teatro filmado, com a câmera fixa no lugar da plateia direcionada a um palco (assistam “A invenção de Hugo Cabret”). Com o tempo, o cinema criou sua linguagem própria, com corte, efeitos especiais, movimento de câmera, e isso inclusive deu sobrevida ao teatro, que passou a ser mais interativo, se permitir improvisos, etc.

O que eu não conhecia quando escrevi minha tese é o espetáculo “The Bourne Stuntacular”, da Universal Studios. Aliás, nem poderia, a tese é de 2012 e a peça estreou em 2020.

A tecnologia utilizada para o cenário e as personagens é impressionante, um filme de altíssima definição e em 3D sem que se precise usar óculos nem nada parecido. Mas o mais interessante é que há atores, há ação, e essa mescla permite que haja movimentos de cena em pleno palco, perseguições, voos. Como cereja do bolo, efeitos sinestésicos como pingos d'água jogada no público em um momento em que Bourne passa pela água ou fogo no palco (e uma onda de calor real) quando ele está próximo a um incêndio.

Se esse é o futuro do teatro, se haverá mais peças assim em mais lugares do mundo ou se é algo tão complexo e caro que só mesmo em parques como o da Universal isso é possível, não sei. Mas dias depois fui surpreendido quando, na Broadway, assistimos a “Back to the future - The musical”, pois em algumas cenas eles usaram essa ideia do movimento do carro com efeitos especiais da tela e funcionou muito bem.

O que percebi com essas experiências, e não sabia no tempo do doutorado, é que mais importante do que mídias e formas se sucedendo é o potencial dessas mídias e formas se combinando.


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Viagens Crônicas, por Marcelo Spalding

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